Idade mínima e fim do tempo de contribuição estão em análise
Em 2011, o governo federal prometeu revolucionar o sistema previdenciário. Porém, toda a reforma necessária na concessão das aposentadorias do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) ficou para ser feita em 2012.
A indecisão em volta da nova forma de liberação dos benefícios deixa os segurados do INSS ainda mais em dúvida sobre o momento certo de sair de atividade.
Está no ar a possibilidade da criação da idade mínima para a aposentadoria e o fim do benefício por tempo de contribuição.
Para evitar prejuízo, muita gente pensa em correr para se aposentar, mas a maioria teme que o governo adote o fator 85/95 como regra de transição.
A fórmula, que é a soma da idade com o tempo de serviço, dará benefício integral, sem cortes, para as pessoas que ainda não completaram 65 anos, mas que já ultrapassam 35 anos de mercado.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Previdência Social, o órgão está na elaboração de um estudo para verificar qual é a melhor forma de mexer no regime previdenciário.
A presidente Dilma Rousseff havia prometido uma solução para o assunto até setembro. O prazo foi adiado para dezembro, mas nada foi apresentado.
Qualquer mudança na concessão das aposentadorias pelo INSS precisa ser discutida amplamente no Congresso. E por lá, há muitas propostas diferentes, que querem facilitar a liberação do benefício em vez de dificultar.
Para aprovar a criação da idade mínima, o governo precisará apresentar justificativas para alteração drástica e mostrar as contas da Previdência.
Segundo o INSS, o rombo já chega a R$ 42 bilhões, valor contestado pela sociedade civil.
O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados no Espírito Santo, Gelson Martins, afirma que o déficit do INSS não é provocado pelo pagamento do segurado inativo e sim devido aos benefícios sociais, como Loas e também pela aposentadoria rural.
“Esses dois benefícios deveriam sair dos cofres da União. Mas quem paga esses auxílios são os trabalhadores que contribuíram a vida inteira para ter uma aposentadoria digna e não vão conseguir. Não é justo o governo penalizar o trabalhador por algo que a União deveria arcar”, diz.
Outro assunto polêmico que ficou para 2012 é a criação da previdência complementar dos servidores. A proposta, em análise na Câmara, acaba com a aposentadoria integral para os futuros servidores. Eles vão receber o teto máximo pago pelo INSS e, para ter uma renda maior, ao se aposentar, precisarão contribuir para um fundo previdenciário.
Rombos
R$ 42 bilhões de déficit – Esse é o rombo que o INSS diz ter com o pagamento dos aposentados.
R$ 51 bilhões – É o valor do rombo no cofre do governo provocado pelo pagamento dos servidores inativos.
Brigas por reajuste e revisão do benefício
O ano de 2012 não será diferente dos outros para os aposentados. Os segurados que ganham acima do salário mínimo vão continuar na luta por melhores condições de vida e de renda. Como não receberam reajuste acima da inflação, a categoria vai brigar no Congresso por um aumento de 11,72%. Por enquanto, o governo disse dar 6,3% de correção a partir de janeiro.
O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados no Espírito Santo, Gelson Martins, diz que a categoria não aguenta mais desigualdades. “A atitude da presidente Dilma em não dar ganho real para os aposentados é um golpe político. Mas vamos lutar para que ela volte atrás e ceda um aumento melhor”.
Até 2016, segundo uma avaliação da Confederação Nacional dos Aposentados, 80% dos atuais beneficiários do INSS vão receber um salário mínimo se a política de diferenciação de reajuste continuar.
Hoje, 70% dos aposentados recebem o piso nacional. Esse público terá, em janeiro, reajuste de 14,2%.
Outro assunto que ficou para ser discutido este ano é a desaposentação. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se aposentados por tempo de contribuição que voltaram para o mercado de trabalho têm direito à nova aposentadoria. Cerca de 400 mil pessoas estão nessa situação.
Além disso, mais 500 mil aposentados também aguardam o STF decidir sobre o fator previdenciário. Eles entraram com uma ação coletiva na Justiça pedindo a extinção do fator e a revisão de todas as aposentadorias concedidas a partir de 1998.
Fique por dentro
Aumento dos aposentados
Os aposentados que ganham acima do salário mínimo querem aumento de 11,72%. Mas, em janeiro, esses segurados terão apenas aumento de 6,3%.
Fator 85/95
A regra foi apontada como uma possível substituta para o fator previdenciário ou como regra de transição. Mas por não ser tão vantajoso começa a ser descartada pelo governo.
Idade mínima
O governo quer fixar em 65 anos a idade para o homem se aposentar e em 60 anos para mulher.
Tempo de contribuição
O governo pretende acabar com essa aposentadoria com a intenção de manter o trabalhador por mais tempo no mercado.
Pensões
O governo deve limitar a concessão da pensão por morte. Viúvas jovens correm risco de ter o auxílio reduzido ou mesmo de ficar sem a pensão.
Servidor
A previdência complementar, se aprovada no Congresso, vai deixar os futuros inativos em pé de igualdade com os segurados do INSS. Para ter direito a uma aposentadoria quase integral, o funcionário público precisará contribuir para esse fundo.
Desaposentação
Mais de 400 aposentados que continuam no mercado de trabalho aguardam decisão do Supremo Tribunal Federal para saber se poderão se desaposentar e requerer novo benefício. Outros 500 mil esperam a sentença sobre o fim do fator previdenciário.
Fonte: Gazeta Online